COOPERATIVA CULTURAL

PINTURA E PATRIMÓNIO

A Pinacoteca José Barata de Castilho, que tem personalidade jurídica como PINACOTECA, CRL,  é uma cooperativa cultural  sem fins lucrativos e tem por objecto geral a promoção da cultura, a promoção das artes, principalmente pintura, e do património histórico, artístico ou cultural, para o que realizará actividades de todo o tipo de museus, com objectivos científicos, educativos e lúdicos, defender em Portugal e estrangeiro a obra artística, cultural e intelectual do Pintor José Barata de Castilho bem como desenvolver acções de estudo e promoção do património histórico, artístico ou cultural do distrito de Castelo Branco, com vista ao conhecimento generalizado do seu valor e incentivo da sua preservação, por parte de quem de direito. 
























     DISCURSO DE VANCE EM MUNIQUE
(tradução; original 14-2-2025 a seguir ao português)
JD VANCE: Bem, obrigado e obrigado a todos os delegados, personalidades e profissionais da comunicação social reunidos, e obrigado especialmente ao anfitrião da Conferência de Segurança de Munique por ter conseguido organizar um evento tão incrível. Estamos, evidentemente, entusiasmados por estar aqui, estamos felizes por estar aqui, e uma das coisas de que queria falar hoje é, evidentemente, dos nossos valores partilhados, e, sabem, é óptimo estar de volta à Alemanha, como ouviram há pouco.
Estive aqui no ano passado como Senador dos Estados Unidos, vi o Ministro dos Negócios Estrangeiros David Lammy e brinquei com o facto de ambos, no ano passado, termos empregos diferentes dos que temos agora, mas agora é tempo de todos os nossos países, de todos nós, que tivemos a sorte de receber o poder político dos nossos respectivos povos, o utilizarmos sabiamente para melhorar as suas vidas, e gostaria de dizer que tive a sorte de passar algum tempo fora dos muros desta conferência nas últimas 24 horas, e fiquei muito impressionado com a hospitalidade das pessoas, mesmo, é claro, quando estão a recuperar do terrível ataque de ontem.


A primeira vez que estive em Munique foi com a minha mulher, que está hoje aqui comigo numa viagem pessoal, e sempre adorei a cidade de Munique, e sempre adorei o seu povo, e quero apenas dizer que estamos muito comovidos, e que os nossos pensamentos e orações estão com Munique e com todas as pessoas afectadas pelo mal infligido a esta bela comunidade. Estamos a pensar em vós, estamos a rezar por vós e vamos certamente a apoiar-vos nos próximos dias e semanas.
Espero que este não seja o último aplauso que recebo, mas reunimo-nos nesta conferência, como é óbvio, para discutir a segurança e, normalmente, referimo-nos a ameaças à nossa segurança externa. Vejo muitos grandes líderes militares reunidos aqui hoje, mas embora a administração Trump esteja muito preocupada com a segurança europeia e acredite que podemos chegar a um acordo razoável entre a Rússia e a Ucrânia, e também acreditamos que é importante nos próximos anos que a Europa avance em grande medida para garantir a sua própria defesa, a ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é qualquer outro actor externo.


O que me preocupa é a ameaça que vem de dentro, o recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais, valores partilhados com os Estados Unidos da América.
Fiquei impressionado com o facto de um antigo comissário europeu ter ido à televisão recentemente e ter parecido satisfeito com o facto de o governo romeno ter acabado de anular uma eleição inteira. Avisou que, se as coisas não corressem como planeado, a mesma coisa poderia acontecer também na Alemanha.
Estas declarações arrogantes são chocantes para os ouvidos americanos. Durante anos, foi-nos dito que tudo o que financiamos e apoiamos é em nome dos nossos valores democráticos partilhados. Tudo, desde a nossa política em relação à Ucrânia até à censura digital, é apresentado como uma defesa da democracia.
Mas quando vemos tribunais europeus a cancelar eleições e altos funcionários a ameaçar cancelar outras, devemos perguntar-nos se nos estamos a manter num padrão adequadamente elevado. E digo nós próprios porque acredito fundamentalmente que estamos na mesma equipa. Temos de fazer mais do que falar de valores democráticos, temos de os viver.
Agora, na memória viva de muitos de vós nesta sala, a Guerra Fria posicionou os defensores da democracia contra forças muito mais tirânicas neste continente. E considerem o lado dessa luta que censurava dissidentes, que fechava igrejas, que cancelava eleições. Eram eles os bons rapazes? Certamente que não.
Mas graças a Deus perderam a Guerra Fria. Perderam porque não valorizaram nem respeitaram todas as bênçãos extraordinárias da liberdade. A liberdade de surpreender, de cometer erros, de inventar, de construir. Afinal, não se pode impor a inovação ou a criatividade, tal como não se pode impor às pessoas o que pensar, o que sentir ou em que acreditar.
E nós acreditamos que estas coisas estão certamente ligadas. E, infelizmente, quando olho para a Europa de hoje, por vezes não é muito claro o que aconteceu a alguns dos vencedores da Guerra Fria. Olho para Bruxelas, onde os comissários da UE avisam os cidadãos de que tencionam encerrar as redes sociais durante períodos de agitação civil, no momento em que detectam o que julgam ser, cito, conteúdo odioso. Olho para o meu próprio país, onde a polícia efectuou rusgas contra cidadãos suspeitos de publicar comentários anti-feministas em linha, como parte de um dia de açcão para combater a misoginia na Internet.
Olho para a Suécia, onde, há duas semanas, o governo condenou um ativista cristão por ter participado na queima do Corão, que resultou no assassínio do seu amigo. Tal como o juiz do seu caso observou, de forma arrepiante, as leis suecas que supostamente protegem a liberdade de expressão não concedem, de facto, e cito, um livre-trânsito para fazer ou dizer o que quer que seja sem correr o risco de ofender o grupo que defende essa crença.


E, talvez o mais preocupante, olho para os nossos queridos amigos do Reino Unido, onde o retrocesso dos direitos de consciência colocou na mira as liberdades básicas dos britânicos religiosos em particular. Há pouco mais de dois anos, o Governo britânico acusou Adam Smith-Connor, um fisioterapeuta de 51 anos e veterano do exército, do crime hediondo de se colocar a 50 metros de uma clínica de aborto e rezar em silêncio durante três minutos.
Sem obstruir ninguém, sem interagir com ninguém, apenas rezando silenciosamente e sozinho. Depois de as forças da ordem britânicas o terem avistado e exigido saber pelo que estava a rezar, Adam respondeu simplesmente que era pelo filho que não nasceu porque ele e a sua antiga namorada tinham abortado anos antes.
Os agentes não se comoveram. Adam foi considerado culpado de violar a nova lei governamental sobre zonas tampão, que criminaliza a oração silenciosa e outras acções que possam influenciar a decisão de uma pessoa a menos de 200 metros de uma instalação de aborto. Foi condenado a pagar milhares de libras em custos legais à acusação.
Quem me dera poder dizer que isto foi um acaso, um exemplo único e louco de uma lei mal redigida que foi aplicada contra uma única pessoa.
Mas não, no passado mês de outubro, há apenas alguns meses, o Governo escocês começou a distribuir cartas aos cidadãos cujas casas se situavam nas chamadas zonas de acesso seguro, avisando-os de que mesmo a oração privada nas suas próprias casas poderia constituir uma violação da lei. Naturalmente, o governo exortava os leitores a denunciar qualquer concidadão suspeito de crime de pensamento. Na Grã-Bretanha e em toda a Europa, receio que a liberdade de expressão esteja a recuar.
E, no interesse da comédia, meus amigos, mas também no interesse da verdade, admito que, por vezes, as vozes mais altas a favor da censura não vieram da Europa, mas do meu próprio país, onde a administração anterior ameaçou e intimidou as empresas de redes sociais a censurar a chamada desinformação. A desinformação, como, por exemplo, a ideia de que o coronavírus tinha provavelmente escapado de um laboratório na China, o nosso próprio governo encorajou empresas privadas a silenciar as pessoas que se atreviam a proferir o que acabou por ser uma verdade óbvia.[1]
 Por isso, venho aqui hoje não apenas com uma observação, mas com uma oferta. Tal como a administração Biden parecia desesperada por silenciar as pessoas por dizerem o que pensam, também a administração Trump fará precisamente o contrário, e espero que possamos trabalhar em conjunto nesse sentido. Em Washington, há um novo xerife na cidade e, sob a liderança de Donald Trump, podemos discordar dos vossos pontos de vista, mas lutaremos para defender o vosso direito de os apresentar na praça pública, concordem ou discordem.
 Agora chegámos a um ponto em que a situação se agravou de tal forma que, em dezembro passado, a Roménia cancelou pura e simplesmente os resultados de uma eleição presidencial, com base nas suspeitas frágeis de uma agência de informações e na enorme pressão dos seus vizinhos continentais.
 Segundo sei, o argumento foi que a desinformação russa tinha infectado as eleições romenas.
 Mas peço aos meus amigos europeus que tenham alguma perspectiva. Podem acreditar que é errado a Rússia comprar anúncios nas redes sociais para influenciar as vossas eleições. É claro que acreditamos. Podem até condená-lo na cena mundial.
 Mas se a vossa democracia pode ser destruída com algumas centenas de milhares de dólares de publicidade digital de um país estrangeiro, então, para começar, ela não era muito forte.
 A boa notícia é que eu penso que as vossas democracias são substancialmente menos frágeis do que muitas pessoas aparentemente receiam e acredito realmente que permitir que os nossos cidadãos digam o que pensam as tornará ainda mais fortes. O que nos leva, naturalmente, de volta a Munique, onde os organizadores desta conferência proibiram os legisladores que representam os partidos de esquerda e de direita de participarem nestas conversações.
 Mais uma vez, não temos de concordar com tudo o que as pessoas dizem, mas quando as pessoas representam, quando os líderes políticos representam um eleitorado importante, cabe-nos pelo menos participar no diálogo com eles.
 Agora, para muitos de nós, do outro lado do Atlântico, parece cada vez mais que velhos interesses entrincheirados se escondem atrás de palavras feias da era soviética, como falsa informação e desinformação, que simplesmente não gostam da ideia de que alguém com um ponto de vista alternativo possa expressar uma opinião diferente ou, Deus nos livre, votar de forma diferente ou, pior ainda, ganhar uma eleição.
 Esta é uma conferência sobre segurança e tenho a certeza de que todos vieram preparados para falar sobre como tencionam aumentar a despesa com a defesa nos próximos anos, de acordo com um novo objectivo. E isso é óptimo, porque, como o Presidente Trump deixou bem claro, ele acredita que os nossos amigos europeus devem desempenhar um papel mais importante no futuro deste continente. Não pensamos, como se ouve dizer, em partilhar a carga, mas pensamos que é uma parte importante de estarmos juntos numa aliança partilhada, que os europeus se esforcem enquanto a América se concentra em áreas do mundo que estão em grande perigo.
 Mas permitam-me que vos pergunte também: como é que vão sequer começar a pensar no tipo de questões orçamentais se, para começar, não sabemos o que é que estamos a defender? Já ouvi muita coisa nas minhas conversas, e tive muitas, muitas conversas óptimas com muitas pessoas reunidas aqui nesta sala. Ouvi falar muito sobre aquilo de que temos de nos defender, e é claro que isso é importante.
 Mas o que me pareceu um pouco menos claro, e certamente penso que a muitos dos cidadãos da Europa, é exatamente aquilo por que se estão a defender.
 Qual é a visão positiva que anima este pacto de segurança partilhada que todos acreditamos ser tão importante? E eu acredito profundamente que não há segurança se tivermos medo das vozes, das opiniões e da consciência que guiam o nosso próprio povo. A Europa enfrenta muitos desafios, mas a crise que este continente enfrenta atualmente, a crise que acredito que todos enfrentamos juntos, é uma crise criada por nós próprios. Se estão a fugir com medo dos vossos próprios eleitores, não há nada que os Estados Unidos possam fazer por vocês, nem, aliás, há nada que possam fazer pelo povo americano que me elegeu e que elegeu o Presidente Trump.
 Precisam de mandatos democráticos para conseguir alguma coisa de valor nos próximos anos.
 Será que não aprendemos nada sobre o facto de os mandatos débeis produzirem resultados instáveis?
 Mas há tanta coisa de valor que pode ser realizada com o tipo de mandato democrático que eu acho que virá de ser mais sensível às vozes dos seus cidadãos. Se quisermos ter economias competitivas, se quisermos ter energia a preços acessíveis e cadeias de abastecimento seguras, precisamos de mandatos para governar, porque temos de fazer escolhas difíceis para podermos usufruir de todas estas coisas e, claro, sabemos isso muito bem na América.
 Não se pode ganhar um mandato democrático censurando os opositores ou metendo-os na cadeia, quer se trate do líder da oposição, de um humilde cristão que reza na sua própria casa, ou de um jornalista que tenta dar as notícias. Também não se pode ganhar um mandato ignorando o eleitorado básico em questões como quem pode fazer parte da nossa sociedade partilhada.
 E de todos os desafios prementes que as nações aqui representadas enfrentam, creio que não há nada mais urgente do que a migração em massa. Actualmente, quase uma em cada cinco pessoas que vivem neste país veio do estrangeiro. Trata-se, evidentemente, de um máximo histórico. É um número semelhante, aliás, nos Estados Unidos, também um máximo histórico. O número de imigrantes que entraram na UE vindos de países terceiros duplicou só entre 2021 e 2022 e, claro, aumentou muito desde então.
 E nós conhecemos a situação, ela não se materializou num vácuo. É o resultado de uma série de decisões conscientes tomadas por políticos de todo o continente e de outras partes do mundo ao longo de uma década. Ontem, nesta mesma cidade, assistimos aos horrores provocados por essas decisões.
 E, claro, não posso voltar a falar do assunto sem pensar nas desditosas vítimas que viram arruinado um belo dia de inverno em Munique. Os nossos pensamentos e orações estão com elas e continuarão a estar.
 Mas porque é que isto aconteceu, em primeiro lugar? É uma história terrível, mas é uma história que já ouvimos demasiadas vezes na Europa e, infelizmente, demasiadas vezes também nos Estados Unidos. Um requerente de asilo, muitas vezes um jovem de vinte e poucos anos, já conhecido da polícia, atropela uma multidão e destrói uma comunidade.
 Quantas vezes teremos de sofrer estes terríveis reveses antes de mudarmos de rumo e de darmos uma nova direção à nossa civilização comum? Nenhum eleitor deste continente foi às urnas para abrir as comportas a milhões de imigrantes não selecionados.
 Mas sabe em que é que eles votaram? Em Inglaterra, votaram no Brexit, e concordem ou discordem, votaram nele. E cada vez mais, por toda a Europa, estão a votar em líderes políticos que prometem pôr fim a uma migração fora de controlo.
 Acontece que concordo com muitas destas preocupações, mas não têm de concordar comigo. Penso apenas que as pessoas se preocupam com as suas casas, com os seus sonhos, com a sua segurança e com a sua capacidade de se sustentarem a si próprias e aos seus filhos.
 


 E são inteligentes. Penso que esta é uma das coisas mais importantes que aprendi no meu breve período na política. Ao contrário do que se pode ouvir em Davos, os cidadãos de todas as nossas nações não se consideram, de um modo geral, animais instruídos ou engrenagens permutáveis de uma economia global.
 E não é de admirar que não queiram ser baralhados ou implacavelmente ignorados pelos seus líderes. Cabe à democracia julgar estas grandes questões nas urnas. Considero que ignorar as pessoas, ignorar as suas preocupações ou, pior ainda, encerrar os meios de comunicação social, encerrar as eleições ou excluir as pessoas do processo político, não protege nada. De facto, é a forma mais segura de destruir a democracia.
 E falar e expressar opiniões não é interferência eleitoral, mesmo quando as pessoas expressam opiniões fora do seu próprio país e mesmo quando essas pessoas são muito influentes. E acreditem em mim, digo isto com todo o humor, se a democracia americana consegue sobreviver a dez anos de repreensões de Greta Thunberg, vocês conseguem sobreviver a alguns meses de Elon Musk.
 Mas o que nenhuma democracia, americana, alemã ou europeia, sobreviverá é dizer a milhões de eleitores que os seus pensamentos e preocupações, as suas aspirações, os seus pedidos de ajuda são inválidos ou indignos de serem sequer considerados. A democracia assenta no princípio sagrado de que a voz do povo é importante. Não há lugar para firewalls. Ou se defende o princípio ou não se defende.
 Os europeus, os povos, têm uma voz. Os líderes europeus têm uma escolha. E a minha forte convicção é que não precisamos de ter medo do futuro. Podem aceitar o que o vosso povo vos diz, mesmo quando é surpreendente, mesmo quando não concordam.
 E se o fizerem, podem enfrentar o futuro com certeza e com confiança, sabendo que a nação está a apoiar cada um de vós. E isso, para mim, é a grande magia da democracia. Não está nestes edifícios de pedra ou nos belos hotéis. Nem sequer está nas grandes instituições que construímos juntos como uma sociedade partilhada. Acreditar na democracia é compreender que cada um dos nossos cidadãos tem sabedoria e tem uma voz.
 E se nos recusarmos a escutar essa voz, mesmo as nossas lutas mais bem sucedidas pouco garantirão. Como disse uma vez o Papa João Paulo II, a meu ver um dos mais extraordinários defensores da democracia neste continente ou em qualquer outro, “Não tenhais medo”. Não devemos ter medo dos nossos povos, mesmo quando expressam opiniões que discordam da sua liderança. Obrigado a todos.
 Boa sorte para todos vós. Que Deus vos abençoe.
    [1] N.T. O Nobel da Medicina Prof. Luc Montagnier disse isso (acrescentando que a pesquisa fora encomendada a partir dos EUA) numa entrevista, afirmou que conhecia pessoalmente os colegas envolvidos nessa pesquisa, aparentemente para fazerem uma vacina contra a sida e a difusão de tudo o que disse foi proibida em todo o lado. Disse que as vacinas em curso não eram fiáveis e que a cadeia do vírus artificial covid19 tinha um erro que ia levá-lo a degenerar e desaparecer. Este senhor foi vilipendiado mesmo depois de falecido. Um relatório do Congresso americano veio confirmar, cf. https://oversight.house.gov/wp-content/uploads/2024/12/12.04.2024-SSCP-FINAL-REPORT.pdf?fbclid=IwY2xjawIfJnNleHRuA2FlbQIxMQABHTMlZAYZY7OE7lnMV5gpDiei6gmMyg1j3AutM9jUcKwooO960vLHwri__w_aem_xvvH-Pjifa304jz5ZTcBMQ

Original
JD VANCE: Well, thank you, and thanks to all the gathered delegates and luminaries and media professionals, and thanks especially to the host of the Munich Security Conference for being able to put on such an incredible event. We’re, of course, thrilled to be here, we’re happy to be here, and one of the things that I wanted to talk about today is, of course, our shared values, and, you know, it’s great to be back in Germany, as you heard earlier.
I was here last year as a United States Senator, I saw Foreign Secretary David Lammy and joked that both of us last year had different jobs than we have now, but now it’s time for all of our countries, for all of us who have been fortunate enough to be given political power by our respective peoples to use it wisely to improve their lives, and I want to say that I was fortunate in my time here to spend some time outside the walls of this conference over the last 24 hours, and I’ve been so impressed by the hospitality of the people, even, of course, as they’re reeling from yesterday’s horrendous attack.


And the first time I was ever in Munich was with my wife, actually, who’s here with me today on a personal trip, and I’ve always loved the city of Munich, and I’ve always loved its people, and I just want to say that we’re very moved, and our thoughts and prayers are with Munich and everybody affected by the evil inflicted on this beautiful community. We’re thinking about you, we’re praying for you, and we will certainly be rooting for you in the days and weeks to come.
I hope that’s not the last bit of applause that I get, but we gather at this conference, of course, to discuss security, and normally we mean threats to our external security. I see many great military leaders gathered here today, but while the Trump administration is very concerned with European security and believes that we can come to a reasonable settlement between Russia and Ukraine, and we also believe that it’s important in the coming years for Europe to step up in a big way to provide for its own defense, the threat that I worry the most about vis-a-vis Europe is not Russia, it’s not China, it’s not any other external actor.


And what I worry about is the threat from within, the retreat of Europe from some of its most fundamental values, values shared with the United States of America.
Now I was struck that a former European commissioner went on television recently and sounded delighted that the Romanian government had just annulled an entire election. He warned that if things don’t go to plan, the very same thing could happen in Germany, too.
Now these cavalier statements are shocking to American ears. For years, we’ve been told that everything we fund and support is in the name of our shared democratic values. Everything from our Ukraine policy to digital censorship is billed as a defense of democracy.
But when we see European courts canceling elections and senior officials threatening to cancel others, we ought to ask whether we’re holding ourselves to an appropriately high standard. And I say ourselves because I fundamentally believe that we are on the same team. We must do more than talk about democratic values, we must live them.
Now within living memory of many of you in this room, the Cold War positioned defenders of democracy against much more tyrannical forces on this continent. And consider the side in that fight that censored dissidents, that closed churches, that canceled elections. Were they the good guys? Certainly not.
But thank God they lost the Cold War. They lost because they neither valued nor respected all of the extraordinary blessings of liberty. The freedom to surprise, to make mistakes, to invent, to build. As it turns out, you can’t mandate innovation or creativity just as you can’t force people what to think, what to feel, or what to believe.
And we believe those things are certainly connected. And unfortunately, when I look at Europe today, it’s sometimes not so clear what happened to some of the Cold War’s winners. I look to Brussels, where EU commissars warn citizens that they intend to shut down social media during times of civil unrest the moment they spot what they’ve judged to be, quote, hateful content. I look to my own country, where police have carried out raids against citizens suspected of posting anti-feminist comments online as part of, quote, combating misogyny on the internet, a day of action.
I look to Sweden, where two weeks ago the government convicted a Christian activist for participating in Koran burnings that resulted in his friend’s murder. As the judge in his case chillingly noted, Sweden’s laws to supposedly protect free expression do not, in fact, grant, and I’m quoting, a free pass to do or say anything without risking offending the group that holds that belief.
And perhaps most concerningly, I look to our very dear friends in the United Kingdom, where the backslide away from conscience rights has placed the basic liberties of religious Britons in particular in the crosshairs. A little over two years ago, the British government charged Adam Smith-Connor, a 51-year-old physiotherapist and an army veteran, with the heinous crime of standing 50 meters from an abortion clinic and silently praying for three minutes.
Not obstructing anyone, not interacting with anyone, just silently praying on his own. After British law enforcement spotted him and demanded to know what he was praying for, Adam replied simply it was on behalf of the unborn son he and his former girlfriend had aborted years before.
Now the officers were not moved. Adam was found guilty of breaking the government’s new buffer zones law, which criminalizes silent prayer and other actions that could influence a person’s decision within 200 meters of an abortion facility. He was sentenced to pay thousands of pounds in legal costs to the prosecution.
Now I wish I could say that this was a fluke, a one-off crazy example of a badly written law being enacted against a single person.
But no, this last October, just a few months ago, the Scottish government began distributing letters to citizens whose houses lay within so-called safe access zones, warning them that even private prayer within their own homes may amount to breaking the law. Naturally, the government urged readers to report any fellow citizens suspected guilty of thought crime. In Britain and across Europe, free speech, I fear, is in retreat.
And in the interest of comedy, my friends, but also in the interest of truth, I will admit that sometimes the loudest voices for censorship have come not from within Europe, but from within my own country, where the prior administration threatened and bullied social media companies to censor so-called misinformation. Misinformation, like, for example, the idea that coronavirus had likely leaked from a laboratory in China, our own government encouraged private companies to silence people who dared to utter what turned out to be an obvious truth.
So I come here today not just with an observation, but with an offer. Just as the Biden administration seemed desperate to silence people for speaking their minds, so the Trump administration will do precisely the opposite, and I hope that we can work together on that. In Washington, there is a new sheriff in town, and under Donald Trump’s leadership, we may disagree with your views, but we will fight to defend your right to offer it in the public square, agree or disagree.
Now we’re at the point, of course, that the situation has gotten so bad that this December, Romania straight-up canceled the results of a presidential election, based on the flimsy suspicions of an intelligence agency and enormous pressure from its continental neighbors.
Now, as I understand it, the argument was that Russian disinformation had infected the Romanian elections.
But I’d ask my European friends to have some perspective. You can believe it’s wrong for Russia to buy social media advertisements to influence your elections. We certainly do. You can condemn it on the world stage, even.
But if your democracy can be destroyed with a few hundred thousand dollars of digital advertising from a foreign country, then it wasn’t very strong to begin with.
Now the good news is that I happen to think your democracies are substantially less brittle than many people apparently fear, and I really do believe that allowing our citizens to speak their mind will make them stronger still. Which of course brings us back to Munich, where the organizers of this very conference have banned lawmakers representing parties on both the left and the right from participating in these conversations.
Now again, we don’t have to agree with everything or anything that people say, but when people represent, when political leaders represent an important constituency, it is incumbent upon us to at least participate in dialogue with them.
Now to many of us on the other side of the Atlantic, it looks more and more like old entrenched interests hiding behind ugly Soviet-era words like misinformation and disinformation who simply don’t like the idea that somebody with an alternative viewpoint might express a different opinion or, God forbid, vote a different way or even worse, win an election.
Now this is a security conference and I’m sure you all came here prepared to talk about how exactly you intend to increase defense spending over the next few years in line with some new target. And that’s great, because as President Trump has made abundantly clear, he believes that our European friends must play a bigger role in the future of this continent. We don’t think, you hear this term, burden sharing, but we think it’s an important part of being in a shared alliance together that the Europeans step up while America focuses on areas of the world that are in great danger.
But let me also ask you, how will you even begin to think through the kinds of budgeting questions if we don’t know what it is that we’re defending in the first place? I’ve heard a lot already in my conversations, and I’ve had many, many great conversations with many people gathered here in this room. I’ve heard a lot about what you need to defend yourselves from, and of course that’s important.
But what has seemed a little bit less clear to me, and certainly I think to many of the citizens of Europe, is what exactly it is that you’re defending yourselves for.
What is the positive vision that animates this shared security compact that we all believe is so important? And I believe deeply that there is no security if you are afraid of the voices, the opinions, and the conscience that guide your very own people. Europe faces many challenges, but the crisis this continent faces right now, the crisis I believe we all face together, is one of our own making. If you’re running in fear of your own voters, there is nothing America can do for you, nor for that matter is there anything that you can do for the American people who elected me and elected President Trump.
You need democratic mandates to accomplish anything of value in the coming years.
Have we learned nothing that thin mandates produce unstable results?
But there is so much of value that can be accomplished with the kind of democratic mandate that I think will come from being more responsive to the voices of your citizens. If you’re going to enjoy competitive economies, if you’re going to enjoy affordable energy and secure supply chains, then you need mandates to govern, because you have to make difficult choices to enjoy all of these things, and of course we know that very well in America.
You cannot win a democratic mandate by censoring your opponents or putting them in jail, whether that’s the leader of the opposition, a humble Christian praying in her own home, or a journalist trying to report the news. Nor can you win one by disregarding your basic electorate on questions like who gets to be a part of our shared society.
And of all the pressing challenges that the nations represented here face, I believe there is nothing more urgent than mass migration. Today, almost one in five people living in this country moved here from abroad. That is, of course, an all-time high. It’s a similar number, by the way, in the United States, also an all-time high. The number of immigrants who entered the EU from non-EU countries doubled between 2021 and 2022 alone, and of course it’s gotten much higher since.
And we know the situation, it didn’t materialize in a vacuum. It’s the result of a series of conscious decisions made by politicians all over the continent and others across the world over the span of a decade. We saw the horrors wrought by these decisions yesterday in this very city.
And of course, I can’t bring it up again without thinking about the terrible victims who had a beautiful winter day in Munich ruined. Our thoughts and prayers are with them and will remain with them.
But why did this happen in the first place? It’s a terrible story, but it’s one we’ve heard way too many times in Europe and unfortunately too many times in the United States as well. An asylum seeker, often a young man in his mid-twenties, already known to police, rams a car into a crowd and shatters a community.
How many times must we suffer these appalling setbacks before we change course and take our shared civilization in a new direction? No voter on this continent went to the ballot box to open the floodgates to millions of unvetted immigrants.
But you know what they did vote for? In England, they voted for Brexit, and agree or disagree, they voted for it. And more and more all over Europe, they’re voting for political leaders who promise to put an end to out-of-control migration.
Now I happen to agree with a lot of these concerns, but you don’t have to agree with me. I just think that people care about their homes, they care about their dreams, they care about their safety and their capacity to provide for themselves and their children.
And they’re smart. I think this is one of the most important things I’ve learned in my brief time in politics. Contrary to what you might hear a couple of mountains over in Davos, the citizens of all of our nations don’t generally think of themselves as educated animals or as interchangeable cogs of a global economy.
And it’s hardly surprising that they don’t want to be shuffled about or relentlessly ignored by their leaders. It is the business of democracy to adjudicate these big questions at the ballot box. I believe that dismissing people, dismissing their concerns, or worse yet, shutting down media, shutting down elections, or shutting people out of the political process, protects nothing. In fact, it is the most sure-fire way to destroy democracy.
And speaking up and expressing opinions isn’t election interference, even when people express views outside your own country and even when those people are very influential. And trust me, I say this with all humor, if American Democracy can survive ten years of Greta Thunberg’s scolding, you guys can survive a few months of Elon Musk.
But what no democracy, American, German, or European, will survive is telling millions of voters that their thoughts and concerns, their aspirations, their pleas for relief are invalid or unworthy of even being considered. Democracy rests on the sacred principle that the voice of the people matters. There’s no room for firewalls. You either uphold the principle or you don’t.
Europeans, the people, have a voice. European leaders have a choice. And my strong belief is that we do not need to be afraid of the future. You can embrace what your people tell you, even when it’s surprising, even when you don’t agree.
And if you do so, you can face the future with certainty and with confidence, knowing that the nation stands behind each of you. And that, to me, is the great magic of democracy. It’s not in these stone buildings or beautiful hotels. It’s not even in the great institutions that we have built together as a shared society. To believe in democracy is to understand that each of our citizens has wisdom and has a voice.
And if we refuse to listen to that voice, even our most successful fights will secure very little. As Pope John Paul II, in my view, one of the most extraordinary champions of democracy on this continent or any other, once said, Do not be afraid. We shouldn’t be afraid of our people, even when they express views that disagree with their leadership. Thank you all.
Good luck to all of you. God bless you.







Sobre image
  • Rua Arco do Bispo, Castelo Branco, 14 - Portugal
  • Expo: Rua Arco do Bispo, 14 - 6000 -153 Castelo Branco POST.: Rua dos Peleteiros, 29 - 6000-208 Castelo Branco Portugal

Exposição de Pintura, venda de quadros, recordações artísticas.

RECONSTITUIÇÃO DO PAÇO DOS COMENDADORES E ALCAIDES 
DE CASTELO BRANCO

A partir de descrição escrita da época reconstituímos este palácio.

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A inflação que temos em 2023

Castelo Branco, Portugal
                                        Contexto internacional
Eu estou muito preocupado com o que vamos sofrer por causa de decisões tomadas por autoridades da UE em quem não votámos, o nosso governo alinhou e não perguntou nada, foi eleito mas isto não estava no programa eleitoral, estamos já com uma inflação que começou, pelos custos, no Verão de 2021 e as gasolineiras aproveitaram logo a boleia, vieram as sanções que agravaram a situação pelo lado dos preços combustíveis fósseis e vamos ter uma recessão ou mesmo crise económica. Isso porque o país alienou todos os instrumentos de política económica, chegando ponto de ter de pedir autorização a Bruxelas para apresentar um orçamento de Estado. Eu acho tudo isto mal, não vejo por onde se possa pegar.
As sanções à Rússia devido à invasão da Ucrânia implicaram a emergência dum novo sistema monetário internacional que não se baseia no dólar. EUA, UE, RU, Japão e Canadá ficaram isolados, pois os restantes países do Mundo não alinharam: toda a África, China, América do Sul, Índia, Médio Oriente e mais alguns não aderiram. Em contrapartida, começaram a negociar com a Rússia e entre eles com base em moedas alternativas ao dólar, visto que o sistema Swift ficou amputado por força do corte parcial decidido como sanção, o que constituiu a machadada letal no sistema monetário internacional existente desde 1971, assente apenas num papel verde emitido nos EUA, sem valor intrínseco, não baseado no ouro ou qualquer valor material. Outra razão é o desprezo por regras básicas do livre capitalismo, como respeito pela propriedade privada e depósitos nos bancos, o que se viu com vários confiscos e congelamentos de ouro e outras reservas da Venezuela e Rússia, por motivos políticos datados.
A recente visita de Xi Jinping à Arábia Saudita está remexer toda a ordem internacional prevalecente desde a II GG, pois com ela nasceu a construção dum sistema financeiro internacional (Central Bank Digital Currency , CBDC), que terá como instrumento um cabaz de divisas (como exemplo tivemos o écu antecessor do euro). Esse sistema é implantado nos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que representam 42% da população mundial, 23% da economia global, 33,4% do comércio internacional de mercadorias e 25% do investimento global. O petro-dólar morreu, pelo menos parcialmente: as transacções de petróleo da Arábia Saudita com a China passam a ser pagas em Yuan, a Índia está a importar carvão russo pago em Yuan. E a perspectiva é que Arábia Saudita, Egipto, Turquia, Argentina e Irão integrem brevemente os BRICS.
Como foi possível estarmos dependentes dos caprichos americanos com base numa nota verde sem qualquer valor intrínseco? Este texto não tem formalidade de artigo técnico porque estou a escrever no fb, explico com base nos meus conhecimentos adquiridos em décadas de pesquisa sobre o intrigante sistema monetário internacional. Foi assim:
1914-1918 - O RU, geria em Londres o sistema monetário baseado no padrão ouro, desde 1870, no qual cada nota emitida representava ouro, que o portador podia levantar no banco emissor quando quisesse. A moeda nacional era definida como valendo determinado peso em ouro e circulavam moedas desse metal. Devido à I GG o sistema foi suspenso. O RU pediu auxílio militar aos EUA, que não tinham fabrico de armas de guerra, apenas as faziam para caça. O RU deu-lhes a tecnologia, passaram a produzir armas e fornecer auxílio militar mas PAGO EM OURO. No final da guerra, ¼ do ouro britânico passara para os EUA, Nova Iorque emergiu como 2ª praça financeira internacional a par de Londres. Terminada a guerra o sistema não foi reposto, houve uma tentativa britânica em 1925, fracassada pela Crise de 1929-30. Viveu-se uma época de soluções avulsas com instabilidade.
1939-1945 – Repete-se o apoio militar dos EUA pago em ouro pelo RU. As reservas de Londres ficaram cerca de metade do montante anterior a 1914. Nova Iorque consolida-se como praça financeira internacional.
1944 – Acordo de Bretton Woods que criou um novo sistema monetário internacional designado por "gold exchange standard" (padrão divisas-ouro, baseado no dólar) e o FMI, inaugurado em 1946. Adoptou-se o sistema de paridades fixas da seguinte forma: o dólar era definido como tendo o valor implícito na taxa de câmbio oficial de $35 por onça e os bancos centrais de qualquer país que recebessem notas de dólar podiam convertê-las em ouro, junto do FED, a essa taxa; o valor oficial de cada moeda nacional era fixado como determinada quantidade de dólar e tinha de seguir políticas que a defendessem nos mercados. Em caso de graves problemas conjunturais pediam ajuda ao FMI, que emprestava as divisas necessárias. O sistema funcionou, sem grandes problemas, até 1971, ano de suspensão unilateral da convertibilidade do dólar em ouro por Nixon, porque o presidente de Gaulle seguira uma política de converter todos os dólares que tinham em ouro, o que adicionado à guerra do Vietname, com elevadas despesas, exauriu as reservas americanas.
Originou-se uma fase de grande instabilidade cambial, pois os valores das moedas passaram a definir-se pelos mercados de câmbios, consoante oferta e procura. Todo o mundo cheio de dólares, com eles continuou até à actualidade, como parte das reservas nos bancos centrais, no lugar de ouro. Os EUA ficaram com o privilégio de comprarem o que quisessem e quanto lhes aprouvesse nos mercados internacionais, pagando com papéis por eles emitidos, sem suporte material.
Esperava eu, antes dos tratados de Maastricht e Lisboa, que o euro fosse uma alternativa ao dólar em termos de reserva monetária internacional, mas não. É também uma unidade monetária de valor instável definido pelos mercados, e tem fraca credibilidade porque a UE é vista como uma zona a todos os níveis dependente dos EUA, e até outros países, sem política económica própria, porque se alienou aos mercados. A sua política monetária é mesquinha, conforme espartilhada no Tratado de Lisboa.
O que pode acontecer a seguir? Provavelmente, este cenário.
Grande parte do comércio internacional, pelo menos cerca de 50% que é o que representam as transacções dos BRICS alargados, deixará de ser pago em dólares, passando a ser na nova unidade monetária internacional definida. Os países poderão querer desfazer-se de dólares, pagando com eles o que importarem dos EUA. Não é previsível uma venda massiva de dólares porque prejudicaria os próprios que têm essa divisa como reserva, por força da desvalorização da nota verde. Os EUA só poderão comprar quanto quiserem pagando com a moeda que emitem nos países seus satélites. Porém, estes países deverão adoptar novas políticas, no novo contexto que melhor defendam os seus interesses, o que limitará esse poder.
José de Castilho
11 de Abril de 2020 •
Conteúdo partilhado com: Público

CALAMIDADE NA SAÚDE E ECONOMIA
Ninguém esperava por esta pandemia.
O sistema de saúde não estava preparado para esta emergência, houve que fechar toda a gente em casa para impedir um contágio galopante impossível de socorrer nos hospitais.
Passado este primeiro período vem o Verão, com as altas temperaturas do aquecimento global que irão matar o vírus em grande parte (um médico doutorado fez uma publicação onde divulga que o vírus apenas morre totalmente a mais de 56ºC, mas outra informação indica que a partir dos 29ºC se propaga com dificuldade). Teremos o Outono e Inverno com regresso deste quadro, é o que receio. Espera-se que apareçam medicamentos para atacar o vírus e/ou vacinas, o que demora.
E a fome que vamos ter, pois fechados em casa não se produz? Vamos ficar bem? Não, é evidente que não.
O desemprego já existe, o lay-off reduz os rendimentos de quem trabalha, a produção pára.
Começamos a enfrentar uma crise económica como nunca visto na História Económica moderna, porque é simultâneamente em três frentes: forte diminuição súbita da oferta, diminuição da procura global por corte de rendimentos do trabalho e crise financeira associada à crise da esfera real da economia.
De modo nenhum será possível ultrapassar esta crise pedindo dinheiro emprestado, ainda por cima regateado, às pinguinhas e com barreiras burocráticas.
A globalização, que eu sempre achei uma fraude porque baseada nas mentiras do monetarismo e liberalismo - a história tinha demonstrado que têm receitas erradas para a economia (o que ficou bem patente com a crise de 1929-30) - essa mostrou o seu fracasso em tudo e viu-se como é perversa. Mas isso são outras contas.
A actual crise poderia ser ultrapassada depressa no domínio económico, mais rapidamente do que no campo da saúde, se fossem tomadas de imediato as medidas indispensáveis. E consistiriam desde logo em financiar a procura global, repondo o rendimento aos desempregados ou parcialmente sem rendimento, mediante subsídios a financiar pelo BCE através de alguma instituição existente, com controlo dos Governos. Crédito a baixas taxas de juro e reembolso dilatado para as empresas e produtores individuais. Redução dos impostos e abolição de barreiras administrativas à livre produção e sua venda, introduzidas paulatinamente desde que aderimos à CEE. Gastos públicos adequados às necessidades provocadas pela crise sanitária inesperada, também financiados pelo BCE através de alguma instituição adequada que exista ou ad-hoc. Esse financiamento seria em função do PIB de cada país, uma certa percentagem a fixar. Cada governo faria um plano técnico onde se determinasse o financiamento necessário e objectivos a atingir.
Teríamos (ou teremos!) de voltar a produzir bens e não apenas turismo e devíamos preferir comprá-los, mas para isso seria necessário que aparecessem à venda, nas grandes superfícies (que só lá metem o que querem mesmo que venha da América do Sul) ou nas praças, actualmente transformadas numa espécie de museu em muitos lados.
Não faz sentido recorrer a "coronabonds" ou outros títulos porque se trata de financiar uma insuficiência económica excepcional, decorrente de uma pandemia, que não impulsiona qualquer valor acrescentado que viabilize o pagamento das dívidas contraídas, mesmo que os juros fossem nulos, e não são.
A austeridade já começou com o lay-off e outras restrições de rendimentos. É perniciosa e não tem qualquer desculpa, desta vez não andámos a "gastar acima das possibilidades". Até tínhamos excedente orçamental, inútil do ponto de vista económico e que nem serve para fazer face à crise actual, mas que satisfaz as ideias financeiras conservadoras e tira argumentos por exemplo aos holandeses, que até tiveram um pequeno défice de -0,3% em 2019, sendo que o Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação, mais restritivo que o Tratado de Lisboa mas que assinaram, permite um saldo de -3% do PIB. E andam alguns ao desafio na UEM a ver quem tem maior superávit(!), situação recessiva e que noutros tempos tanta pobreza causou.
A emissão monetária iria provocar inflação? É o que dizem os monetaristas mas é falso. A inflação só existe se a procura global for superior à oferta global e isso for financiado pelo banco central, o que não é a situação. Além disso haveria controlo para que tal não acontecesse. Está-se farto de saber que a inflação não é causada por dinheiro a mais, que nunca há no início de qualquer processo, o contrário é que sucede, é a solicitação de dinheiro por parte da economia para fazer compras, do oferta insuficiente, que a provoca.
Tenho quase a certeza que estas ideias vão cair em cesto roto, mas achei que devia divulgá-las. Se caíssem noutro cesto, seria necessário realizar rapidamente estudos para apresentar cálculos rigorosos e pôr os planos em prática. Os EUA é o que estão a fazer, aquele subsídio de 1.000 dólares a cada um é o inimaginável dinheiro que cai do céu e provoca inflação, segundo os teóricos. No caso actual não, porque a procura baixou, porque todos tiveram de se fechar em casa e não ganham. Os americanos sempre sabem mais que os líderes europeus que mandam em nós.
Não preciso de dizer que não saiam de casa, porque este texto é para os meus amigo e sei que todos são pessoas conscientes. Desejo uma boa Páscoa a todos, dentro dos condicionalismos que temos.
MORTE DA GLOBALIZAÇÃO
Eu sempre disse que a globalização era uma fraude lançada pelos EUA, com ideologia neoliberal.
Fraude, sim, por ser mentira que essa forma de capitalismo ia enriquecer os povos pobres.
Mas o capitalismo tem regras básicas que não podem ser infringidas pelo poder: respeito pela propriedade privada e respeito pelos valores financeiros depositados a nível bancário internacional.
Com a guerra da Ucrânia surgiu um capitalismo de confisco a nível internacional, que significa a morte da confiança, sustentáculo das finanças.
O capitalismo global está morto, através de medidas espúrias. Uma nova ordem financeira internacional vai emergir, da qual o dólar não será o pilar, aliás sem valor intrínseco, baseado num fiduciarismo que agora sofreu golpes mortais.

                                               A inflação que temos
José Martins Barata de Castilho *
Os principais problemas da nossa economia são, actualmente, a inflação, o desemprego e o deficiente desenvolvimento económico-social. Para os resolver seria necessário determinar as causas e sobre elas agir através de medidas de política económica, o que não é feito por estarmos em sistema neoliberal (não declarado oficialmente, mas é). Só trato aqui do primeiro, muito abreviadamente, devido ao espaço que me foi dado.
A inflação afecta todos os cidadãos por igual, pois é a subida geral dos preços, os quais não aumentam sozinhos, por serem fixados por quem vende, ao mais alto nível possível, para a maximização do lucro. Quando e até que nível os podem subir? Sempre que a oferta escasseia e a procura se mantém igual ou até aumenta simultaneamente, no caso dum mercado de concorrência (elevado número de vendedores sem poder discricionário de os aumentar) ou, no caso de poucos agentes do lado da oferta, quando estes quiserem. No último caso tem de existir ambiente propício à subida para evitar protestos sociais.
Se a oferta for estável e a procura global aumentar devido à subida do poder de compra dos consumidores, há inflação. Nesse caso é costume tomar medidas de redução do poder de compra, normalmente através da subida das taxas de juro (o que reduz a procura de crédito) para diminuir a pressão do investimento e do consumo. Esta é uma das causas da inflação, sendo falso que é provocada por um excesso de moeda em circulação, como pretendem os monetaristas neoliberais. Mas não é a causa da inflação que temos, logo a subida das taxas de juro para a combater não faz qualquer sentido.
A inflação actual começou lentamente no Verão de 2021 após o desconfinamento, porque a procura foi reposta repentinamente, as existências em armazém depressa se esgotaram e a produção não se pôde adaptar com igual ritmo. Tal problema seria resolvido automaticamente com a passagem de algum tempo. Porém, os poucos operadores no mercado de energia e combustíveis aproveitaram a boleia para subirem arbitrariamente os seus preços, logo seus lucros, o que desencadeou inflação pelos custos: com combustíveis e electricidade mais altos a produção ficou mais cara.
Numa fase seguinte, os preços de combustíveis e electricidade subiram ainda mais, devido às sanções à Rússia económicas decretadas pela UE, com o pretexto de pôr fim à guerra da Ucrânia. Neste caso houve diminuição de oferta na UE, por não comprar combustíveis russos, além de outro aproveitamento dos oligopólios para subir verticalmente as taxas de lucro. Seguiram-se os cartéis de venda de bens de consumo, que subiram a seu bel-prazer preços, arrecadando lucros fabulosos.
O que fez o governo? Começou por congelar salários e pensões. Medida errada, porquanto as causas da inflação pelos custos não eram essas, foram principalmente as subidas dos lucros. Que devia ter feito? Tabelar logo os preços de combustíveis e electricidade com argumento de situação de guerra, face ao envolvimento económico no conflito na Ucrânia. Porque não o fez? Devido à obsessão de arrecadar impostos para o superávit orçamental ou saldo próximo de zero. O que é de prever? Uma recessão com inflação, porque as medidas tomadas estão erradas, são tardias e coarctam a actividade económica. Culpados: UE, BCE e Governo. Então e as actuais taxas de crescimento do PIB não resolvem? Não, porque se devem mais à subida dos lucros (que vão para Holanda e offshores) e não à do rendimento dos consumidores. E o PRR? Também não, porque veio com fundos condicionados à resiliência, transição verde e transição digital, o que pouco contribui para resolver os problemas reais entretanto surgidos, assim como os estruturais (despovoamento, diminuição da população por baixa natalidade, etc.).
* José Martins Barata de Castilho (desde 2011), Professor Catedrático de Economia Monetária, Aposentado, Por opção, escreve com a ortografia anterior ao AO90.

                                  Taxas de juro e  inflação
                        José Martins Barata de Castilho
Vimos no último artigo que a inflação que temos se deve à subida galopante das taxas de lucro, o que até foi declarado oficialmente, coisa  inédita na História.  Perante este problema, os governos europeus  nada fazem porque a política económica foi abolida, no seguimento do monetarista Milton Friedman, pai do actual neoliberlismo, que disse que o Estado, não deve, sobretudo, fazer nada, os mercados funcionarão e resolverão todos os problemas económicos. Ora, os mercados que temos só no nome é que são de concorrência, na prática são monopólios e oligopólios, sofisticadamente cartelizados, com ajuda de novas tecnologias. Deste modo, fixam os preços que querem e não resolvem nada. Também se viu que é inútil subir as taxas de juro para combater esta inflação actual.
O problema das taxas de juro, na EU, é grave: juros negativos artificilamente iniciados pela Alemanha com o pânico da pretensa crise das dívidas soberanas (pretensa, porque o BCE podia dissuadir e evitá-la e não o fez), depois oficializados pelo próprio BCE. Ora, não há memória duma aberração económica como esta.
A taxa de juro tanto pode ser calculada com os valores do capital a preços constantes como a preços correntes. No primeiro caso obteremos a taxa real de juro, no segundo a taxa nominal de juro. A taxa nominal de juro é a taxa praticada no mercado de capitais, é a taxa bancária de juro ou, ainda, a taxa monetária de juro. O seu valor é, portanto, um dado observável no mercado, sendo, portanto, a preços correntes. O cálculo da taxa de juro nominal correspondente a determinado capital acumulado, de ano a ano. De acordo com Fisher a taxa real de juro calcula-se subraindo à taxa nominal a taxa de inflação. Por exemplo a taxa de juro dos certificados de aforro série E, há dias abolida, era 3,5%, o que dava uma taxa real de juro de -2%, já que a taxa de inflação está oficialmente prevista para 5,5%. Ou seja, o aforrador perde dinheiro com as actuais taxas de juro, que, afinal, continuam negativas devido à inflação. O que o cartel bancario está a oferecer pelos depósitos a prazo, a taxas ainda mais baixas, a seu bel-prazer,  é um escândalo financeiro e económico.
Segundo o grande teórico Knut Wicksell o juro real é um resultado do processo produtivo, é inerente à esfera real da economia e é determinado como se a moeda não existisse, sendo esta uma mera unidade de conta, para este efeito. Para Wicksell, quando a economia, de concorrência perfeita está em equilíbrio, os lucros anormais são nulos, pelo que a taxa de juro real é igual à taxa de lucro normal, em tal caso. Por outro lado, a taxa de juro bancária ou nominal é igual, também nesse caso, à taxa de juro real. E, nessa situação de equilíbrio da economia, a inflação é nula, pois nesse caso a oferta e procura são iguais para o conjunto dos bens produzidos.
À luz desta teoria a actual situação da economia europeia é de grande desequilíbrio e o mesmo se aplica à economia portuguesa.
Gurley e Shaw, na sequência de Keynes, mostraram que a poupança se forma em função do rendimento, independentemente dos valores das taxas de juro, mas, uma vez formada, pode ter dois destinos: ou é aplicada, quer em investimento directo quer através de intermediários financeiros, ou é desviada para fins não produtivos; a taxa de juro é o prémio de renúncia à liquidez e o seu valor é fundamental para os aforradores decidirem sobre o destino da poupança que realizaram. Assim, a actual situação é fortemente penalizadora do crescimento económico, por dificultar o financiamento do investimento produtivo. A solução, na situação actual,  seria anular a inflação via tabelamento de preços monopolistas e de taxas dos depósitos a prazo, como se fazia em Portugal, por portaria, antes de 25-04-1974 e mesmo depois.
* Professor Catedrático de Economia Monetária, UL, Aposentado. Por opção, escreve com a ortografia anterior ao AO90.

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